Em A sociedade incivil – mídia, iliberalismo e finanças, livro lançado este ano pela Editora Vozes, o professor emérito Muniz Sodré, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, analisa o esvaziamento de valores que sustentam as instituições e a perda de força da democracia e da representação parlamentar que puseram a sociedade civil de cabeça para baixo.
Na primeira tarde desta Bienal, o intelectual baiano faz um deslocamento de seus campos recorrentes de análise – as ciências jurídicas, as letras, a sociologia e a antropologia – para elaborar acerca do tópico Dança e Corporeidade, título de sua aula magistral.
Segundo Muniz, corporeidade é a condição própria do sensível, tal como na experiência afro, em que o sentir é a comunicação original com o mundo, é o ser no mundo como corpo vivo. O sentir é o modo de presença na totalidade simultânea das coisas e dos seres, é o corpo humano enquanto compreensão primordial do mundo.
Por sua vez, sustenta o autor de 36 livros, a dança como integração rítmica do movimento ao espaço e ao tempo cria ou “inventa” as ações a partir do fluxo temporal do imaginário coletivo e, deste modo, produz um agir autônomo do dançarino. Não se traduz nem se explica a dança – ou seja, ela não é um duplo do teatro, da mímica, da literatura ou da história –, pois a ação do dançarino é projetiva, induzindo a uma experiência não redutível ao conceito. São infinitas as possibilidades criativas da dança.
Muniz Sodré* Corporeidade é a condição própria da sensível, tal como na experiência afro, em que o sentir é a comunicação original com o mundo, é o ser no mundo como corpo vivo. O sentir é o modo de presença na totalidade simultânea das coisas e dos seres, é o corpo humano enquanto compreensão primordial […]