A programação contou com artistas das várias regiões do Brasil como Florianópolis (SC), Salvador (BA), São Paulo (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Natal (RN), Manaus (AM); além de montagens internacionais vindas da Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Portugal, Senegal e Uruguai. A programação se encerra com reflexões sobre o registro e memória desta edição singular para estudos futuros.
Durante 9 dias, a 12ª edição da Bienal Sesc de Dança, finalizada no último domingo (10 de outubro), alcançou mais de 26 mil acessos com uma intensa programação que foi conferida online no perfil do Instagram do Sesc Ao Vivo (@SescAoVivo), do Sesc Campinas, nos canais do YouTube do Sesc São Paulo e Sesc Campinas (Youtube.com/sescsp), além da Plataforma Sesc Digital (sesc.digital). A primeira edição virtual da Bienal Sesc de Dança proporcionou uma experiência nova dentro da dinâmica do festival que atingiu todos os envolvidos: o corpo que dança, o corpo que produz, o corpo que programa e o corpo que assiste dança.
Foram mais de 20 apresentações artísticas (com espetáculos ao vivo e gravados), mostra de videodanças, mostra de cinema, mesas de conversas, aulas abertas, aulas magistrais e ainda workshops com artistas portugueses em diálogo com brasileiros. Teve ocupação de diferentes espaços das Unidades do Sesc Campinas, Pompeia, Vila Mariana, Guarulhos, Consolação e 24 de Maio. Além de homenagens a Ismael Ivo e Lia Rodrigues Companhia de Danças.
Lia Rodrigues, coreógrafa com 50 anos de carreira, participou de um bate-papo com a pesquisadora Christine Greiner, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Na conversa, contou um pouco sobre Cadernos de Criação, obra dividida em sete capítulos que esteve no festival, e outros projetos. A conversa está disponível no site da Bienal.
A diversidade e as múltiplas linguagens marcaram os trabalhos que refletiram sobre as ameaças aos povos indígenas, os efeitos do racismo estrutural, a intolerância à população LGBTQIA+ e o estigma sobre a sexualidade de pessoas com deficiência.
O grupo Cena 11, de Florianópolis, usou a tecnologia para retratar a angústia dos corpos femininos em Matéria Escura. Transmitido ao vivo da unidade Sesc Guarulhos (SP), o espetáculo trouxe imagens de um teatro vazio, ruídos sonoros, ângulos fechados, frases densas digitadas na tela que colaboraram para a sensação de angústia, tudo editado em tempo real.
Adnã Ionara (Campinas, São Paulo) apresentou Imalè Inú Ìyágba, uma dança inspirada nas matrizes africanas. A dupla Davi Pontes e Wallace Ferreira (Rio de Janeiro) com Delirar o Racial, trouxe uma obra já construída e pensada na liguagem audiovisual Na Fresta da Certeza, o Vermelho Escuro, de Luciane Ramos-Silva (São Paulo), evidenciou a força do feminismo negro. Viaduto, obra do coreógrafo Renan Martins e do produtor musical Frankão, cariocas radicados na Europa, propôs uma crítica social e política abordada a partir do conceito de festa e da metáfora da construção. A 99 Art Company (Coreia do Sul), em Abismo, colocou em cena, barcos de papel em origami, arte milenar do oriente, expressando suas raízes culturais.
A arte LGBTQIA+ foi trabalhada pelos grupos Mexa e GRUA – Gentleman de Rua no espetáculo Conversa pra Boy Dormir. Performaram ao vivo, da piscina do Sesc 24 de Maio (SP), com 20 artistas em cena e uma linguagem própria que contagiou os espectadores com dança, canto, declamação, leitura, dramaturgia e movimentos de câmera. No Hacer Nada Pulverizar expressou os sentimentos e efeitos da espera e do tempo em suspensão na performance da uruguaia Lucía Sismondi com direção do brasileiro Fausto Ribeiro.
O projeto é uma realização do Sesc São Paulo com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Campinas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o apoio do Centro Cultural Coreano no Brasil, do Traveling Korean Arts e do Kofice – Korea Fundation for International Cultural Exchange. A curadoria reuniu um grupo transversal de programadores do Sesc SP que se debruçou nas discussões que a dança tem lançado e enfrentado nestes quase dois anos com o corpo confinado nos espaços e nas telas.
“Tivemos encontros memoráveis proporcionados pelas mesas de discussões como a que teve como foco Ismael Ivo. Foram depoimentos afetuosos e pessoais de como a obra dele impactou o Brasil e o mundo. Foi interessante ver também como Lia Rodrigues reviu seus trabalhos e mesmo com elencos novos, os espetáculos continuam contundentes como Formas Breves”, ressalta Fabrício Floro, Assistente de Dança da Gerência de Ação Cultural.
“As salas de encontros reuniram artistas, produtores, reflexões e contextos completamente diferentes. Soubemos como a pandemia os afetou, rompemos barreiras geográficas. A Bienal reverbera as obras dos artistas, por isso o tom político foi bem acentuado nas obras. Ocupamos outros lugares como o Yebo Musical que transportou da performance de dança para um show de música instrumental. Espetáculos como Conversa pra Boy Dormir, com a união do Mexa e GRUA, rompeu a barreira do audiovisual”, conta Talita Rebizzi, assistente de Dança da Gerência de Ação Cultural .
A 12ª edição da Bienal Sesc de Dança foi construída de forma diferente em função da pandemia e já trouxe um legado que vai ser estudado para as próximas edições. “As atividades formativas sempre trouxeram artistas, produtores, acadêmicos, encontros difíceis de se repetirem, e não existia nenhum registro para documentar essas ações. Com o advento do online, temos material de vídeo das mesas, sala de encontros, que estarão disponíveis por tempo indeterminado e podem ser utilizados como material de pesquisa e fomento à dança. É importante ter essa memória registrada”, enfatiza Fabricio Floro.
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